A noite se estenda,
O bêbado na venda
Se recusa a sair.
Exige outra pinga,
O vendeiro se vinga
E serve um açaí.
O bêbado se desequilibra,
Cai sobre a mesa, enriba
Duma garrafa quebrada.
Corta o dedo do pé,
Dá o dedo pra mulher
E diz que é uma desalmada.
Levanta-se sem prumo,
Faz um cigarro de fumo
E o põe na boca, apagado.
Pega seu chapéu de palha,
Enfia na cabeça vazia, encalha
E sai porta afora, aperreado.
Dois passos adiante,
O bêbado cai num instante
E dorme profundamente.
O homem não é mais homem,
É um pobre lobisomem
Que se espoja na gente.
E quando acordar amanhã,
Ouvirá o canto da aracuã
No fundo do quintal.
Dirá que vai largar a cachaça;
Que é um vício da desgraça;
Que já está lhe fazendo mal.
À noite volta à venda,
Cachaça, seu Zé, não lhe venda
Com a graça de Deus.
Mas como a carne é fraca,
De cachaça ele se encharca,
E volta aos braços de Morfeu.
Credito: Escritor e Poeta Achel Tinoco








































