quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Casa da Torre de Garcia D'água Avila

 

Não é possível, a cada dia, discutirmos a história exclusivamente sob o ponto de vista de cada um. Há pessoas que, por ignorância ou má-fé, desejam mudar os rumos do passado de acordo ao seu gosto e prazer, de acordo com suas próprias conveniências políticas ou sociais. No entanto, a história não pode ser alterada ao sabor das sensibilidades atuais; o passado não é um texto rascunhado conforme o gosto do leitor, ainda que nele existam injustiça, violência, ou outros episódios sombrios. A história precisa ser revelada e estudada tal como aconteceu, considerando seu tempo, seu contexto, suas contradições e até suas desavenças.

Se a história for manipulada segundo interesses circunstanciais, as novas gerações não terão acesso ao conhecimento real dos fatos e, por consequência, não poderão compreendê-los. A tarefa histórica exige honestidade: é preciso registrar, interpretar e revisitar os acontecimentos sempre com rigor, respeitando o espaço e o período em que ocorreram. Não se pode simplesmente remover dos livros, dos documentos ou da memória coletiva aquilo que desagrada, para criar uma nova época moldada por desejos particulares. Monumentos, estátuas, nomes de ruas, templos e personagens históricos não podem ser apagados apenas porque alguém acredita que o mundo deve ser, agora, conforme sua visão pessoal.

Um exemplo emblemático é o Castelo Garcia d’Ávila, na Praia do Forte — um dos pontos turísticos mais belos e visitados da Bahia. Construído no início da colonização portuguesa, ele foi sede da Casa da Torre, um dos maiores complexos latifundiários das Américas, que controlou vastos territórios e foi profundamente envolvido na escravidão indígena e africana. É justamente por isso que o monumento tem enorme importância histórica: ele permite compreender, de forma concreta, a formação econômica e social do Brasil colonial, com suas grandezas e brutalidades. Ainda assim, há quem defenda a mudança de seu nome, ignorando que o valor histórico de um monumento está ligado, justamente, à verdade de sua origem.

Reescrever nomes para atender a sensibilidades contemporâneas não elimina o passado — apenas o esconde. Ditadores como Idi Amin Dada, que governou Uganda entre 1971 e 1979, são lembrados não porque mereçam homenagens, mas porque a memória dos horrores que praticaram serve de alerta para evitar a repetição de tragédias. A função da história é preservar, registrar e ensinar. Apagar não educa; enfraquece.

Acredito que até aqueles que, naquela época, foram escravizados, violentados e mortos não aprovariam a ideia de simplesmente apagar vestígios do passado. Se tudo fosse renomeado ou removido, eles próprios seriam esquecidos, pois aquilo que não tem história não pode ser visto, estudado, compreendido ou transformado. A preservação da memória, ainda que dolorosa, é a única forma de garantir que injustiças não se repitam e que as gerações futuras possam aprender com os erros do passado.

Vá entender!

Credito: Escritor Achel Tinoco

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