Silvinei. Só o nome já entra rindo em cena, tropeça no próprio crachá e derruba a narrativa.
Condenado a mais de 24 anos, o homem resolveu que tornozeleira é sugestão, não ordem judicial. Arrancou o brinquedo, saiu de Santa Catarina de carro alugado - porque nada diz “fuga discreta” como uma locadora com contrato, placa e câmera - e partiu rumo ao Paraguai como quem vai ali comprar alfajor e voltar antes do almoço.
Mas calma, melhora.
No aeroporto de Assunção, Silvinei tentou o combo premium do absurdo: passaporte paraguaio que não era dele, identidade emprestada de um coitado qualquer e, para coroar a ópera bufa, uma declaração em espanhol dizendo que tinha câncer na cabeça e não podia falar. Sim. Câncer estratégico. Em espanhol. Impressa. Um verdadeiro atestado médico escrito por um roteirista bêbado.
A Polícia paraguaia fez o básico: olhou a foto, olhou a cara, olhou de novo, chamou a biometria - e pronto. Fim do disfarce, fim da turnê internacional, fim do delírio.
O homem que achou que burlaria o STF com Google Tradutor, carro alugado e passaporte alheio acabou devolvido ao Brasil como mala extraviada: rápido, constrangido e sem direito a reclamação.
Isso não é fuga; é sketch. É o sujeito achando que o mundo funciona como grupo de WhatsApp bolsonarista: muita convicção, zero checagem.
Só riso mesmo. Porque quando a tentativa de golpe vira tentativa de fuga, e a fuga vira pastelão, a Justiça nem precisa ser severa - ela só deixa o roteiro andar.
Crédito: Escritor e Advogado Julio Benchimol Pinto

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