Olho pela vidraça e não me vejo,
Como se perdesse o tempo de mim
E não conseguisse acender o estopim
Que possa iluminar adiante o trovejo.
O sol que nasce não me apetece,
E pouco me faz sorrir ao se por.
Prefiro a escuridão, sem valor,
À claridade pérfida d'uma prece.
Passa, sem me ver, um vulto,
Ou é o vulto infeliz de mim próprio
Que me espia e me esquarteja.
Sou, assim, este pensamento oculto,
Que vaga de tristeza — meu ópio,
Na janela de vidro onde eu esteja.
Credito: Escritor Achel Tinoco

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