quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Aniversariante do Dia

 

O Blog Ibirataia parabeniza hoje (2/8) Ederval Reis Moura desejando que sua vida seja sempre uma soma de vitórias, com a certeza de que o melhor espera por você.

Os administradores do Grupo do Grupo Ibirataia, Wilckson e Denise, te desejam muito sucesso, conquistas e grande realizações.


Festival Gastronômico em Maricá

 

Festival Gastronômico Torresmo Festa em Maricá, promete reunir uma multidão. O Festival conta com mais de 20 expositores com diversos pratos preparados com carne suína, além de hamburguês, doces, chopp artesanal, Baião de Dois e Arroz Carreteiro.

          Serviço :

Dias: (27/8) a domingo (30/8)

Horário: Das 12:00 h às 22:00

Local: Estacionamento do Boulevard Maricá

Entrada França 



Aniversariante do Dia

 

Feliz Aniversário!
O Blog Ibirataia parabeniza hoje (2/8) Rosane desejando muita paz, saúde e felicidades, amor, alegrias, sorte e sucesso.


Os Administradores do Grupo Ibirataia te desejam um Feliz Aniversário e que você realize todos os seus sonhos.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Aniversariante do Dia

 

O Blog Ibirataia parabeniza hoje (01) Jailton da Silva desejando muita paz, saúde, felicidades e muito sucesso. Parabéns e Feliz Aniversário!

Aniversariante do Dia

 

O Blog Ibirataia parabeniza hoje (01) o escritor Enàgio Fagner Albuquerque desejando um feliz aniversário cheio de paz, amor e saúde.



Projeto Fundação Dr. Cauê Braz



No dia 3 de agosto será o atendimento para o  cadastramento, no projeto Dr. Cauê Braz.


           Serviço

Data: 03/08/2023

Horário: A partir das 17:00

Endereço: Rua Otávio Machado

Referência: Em frente ao Conselho Tutelar

Telefone : (73) 98192-2077 falar com Stephane Machado

         Documentos Necessários:

RG

CPF

NIS

Comprovante de endereço

Documentos da Criança 



segunda-feira, 31 de julho de 2023

Acidente de carro deixa soldado morto

 

Morreu o soldado da Polícia Militar Douglas Henrique de Souza Vasconcelos, de 31 anos, ele estava no carro com a esposa, após atropelar um cavalo na Br- 101 em Conceição da Barra, norte do Espírito Santo, na madrugada de domingo(30).

O Blog Ibitataia se solidariza com os familiares e amigos.

Ídolo do Flamengo é agredido por preparador fisico

 

O preparador fisico Pablo Fernandez foi dispensado do clube, após a vitória do Flamengo 2 a 1 diante do Atlético(MG). 

O preparador físico aproximou-se do jogador e colocou o dedo na cara de Pedro e questionou por qual motivo ele não estava aquecendo e qual razão,  que era falta de respeito com o preparador e deu três tapas no seu rosto, Pedro tirou a mão, e o preparador físico desferiu um soco no rosto do atleta, e de acordo com relato de outros jogadores que contiveram Pablo, que queria  continuar com as agressões. O jogador fez um boletim de Ocorrência no qual relatou a agressão.

O Beija- Flor Que Não Sabia Voar


Do livro com o mesmo nome do escritor Achel Tinoco

A mamãe beija-flor levou para fora do ninho o pequeno Coli, para ensiná-lo a voar. Empoleirou-o na borda do ninho e foi lhe explicando como deveria bater as asinhas, sincronizar os movimentos, a velocidade exata, a magia, até alçar voo. Ele sacudiu-se todo, mas não saiu do lugar.

Dona Beja Rubricauda coçou, com a pontinha da unha, o papo amarronzado. Ficou a procurar uma explicação para a negativa da natureza; entristeceu-se. Afinal, como poderia um beija-flor não saber voar? A preocupação maior era com o futuro: como um beija-flor sobreviveria sem poder sobrevoar os campos para buscar alimentos? Como conquistaria uma família tendo as asas paralisadas? Não bastasse, ficaria vulnerável. Todo e qualquer predador achar-se-ia no direito de capturá-lo. 

Mas era fato: o seu filhote não conseguia voar. Até que ele esforçou-se: bateu as asinhas dez vezes num minuto — a mãe batia oitenta vezes num segundo. Se não conseguia se sustentar no ar, como poderia sugar o néctar das flores, que consistia em noventa por cento de sua alimentação? 

Ah, preocupação sem tamanho dessa mãe! 

Com o seu bico alongado e a língua bifurcada, ela tentou novamente mostrar ao menino como ele deveria extrair o néctar de uma flor de sálvia, abaixo quatro metros de onde estava. Mergulhou num voo reto, pairou à frente da planta e enfiou o bico alongado no âmago da flor. Tirou lá de dentro algumas gotinhas e as depositou no bico aberto do filhote, que as sorveu de uma vez. 

Coli absorveu o ensinamento, esforçou-se, mas, em vez de voar, pulou lá de cima e precipitou-se cá embaixo. Não tinha natureza de beija-flor. Não podia voar. Dona Beja cobriu os olhos com as asinhas esverdeadas e translúcidas: 

“Que será deste meu filho?”

Coli levantou-se como pôde. Sacudiu as asas, limpou as penas desarrumadas e sorriu. Para ele, a cena não deixou de ser engraçada, bem poderia fazer parte de alguma historinha infantil que pretendia contar... Andava ensaiando alguns pequenos escritos às escondidas.  

Dona Beja pegou-o pelo bico e o levou de volta ao ninho, que ficava sobre uma árvore de figo, em meio a um bosque. Saiu por um minuto e voltou em seguida trazendo mais néctar. Talvez ele não tivesse se alimentado direito, estivesse fraco. Alimentou-o, cobriu-o com umas penas soltas e acomodou-o sob as suas asas de mãe para aquecê-lo. A noite já se fazia presente. Nada como uma nova manhã para se ter com outras lições.

Cedinho, ela saiu de casa para caçar. Voltou com o bico cheio. Encontrou Coli já acordado, ainda se espreguiçando. Depois de escovar o bico, ele ficou a admirar-se numa posição de pensador. Ela fez tititi, e ele abriu o bico para receber o alimento: mosquinhas in natura. Ele sugou-as com gulodice de dentro do bico da mãe e engoliu-as inteiras. Ficou satisfeito. Virou-se para o outro lado e tirou um ronco. Depois voltou ao afazer que já tinha começado quando a mãe o interrompeu para dar-lhe as mosquinhas que acabara de caçar. 

De fato, Coli havia crescido bastante: era agora um rapagão de quase 12 centímetros e 20 gramas de peso. Estava na hora de matriculá-lo numa escola. Dona Beja achava de suma importância a educação dos filhos. O segundo, Humming, estava alfabetizado. Ainda que não fosse um aluno brilhante, preocupava-se mais com o brilho das plumas do que com as folhas dos livros. 

Havia uma escola no bosque que servia a todos os filhos beija-flores, chamada Esmeralda de Gould. Coli encantou-se com o mundo estudantil, qual se sonhasse com ele desde a meninice: um mundo de conhecimentos. Não custou a fazer amizade com os coleguinhas, principalmente um da família Chlorostilbon lucidus, chamado Verdinho-do-bico-vermelho, mas, para simplificar, chamava-o simplesmente de Verdinho. Era um rapazinho simpático, que gostava muito de estudar, o que fez Coli tomar gosto ainda mais pelas letras e, consequentemente, pela leitura. 

Não parou mais de ler.

A mãe, Dona Beja, chamou o filho mais velho e perguntou o que tanto lia Coli. Ela não queria ser enxerida, por isso achou melhor perguntar ao primogênito. Este balançou a longa cauda em forma de tesoura, pigarreou, foi lá, veio cá, avistou com sua visão apurada uma formiguinha caminhando pela beira do rio, desconversou e disse à mãe que precisava sair para sugar o néctar de um cipó-de-são-joão.

— Menino, por quem me tomas? — perguntou-lhe Dona Beja no seu jeitão de madrasta. — Vamos, vamos, diga logo o que está acontecendo?

— É... bem, mãe, o Coli anda lendo umas historinhas infantis!...

— E daí...?

— Quer escrever um livro.

— Isso não é bom? — perguntou desdenhosa.

Humming deu de ombros, esparramou a cauda, completou:

— Anda escrevendo às escondidas, com medo de a senhora não aprovar.

Dona Beja levantou voo, subiu o mais alto que pôde, pousou no olho do pé de um abacateiro. Pensou. Depois voltou depressa, deu voltas ao redor do ninho e, por último, pousou numa galha fina ao redor da casa, deveras preocupada: 

“Então é isso!”

 Não se interporia às escolhas de um filho, muito menos de um que pretendia ser escritor, ainda que o caminho para esses artistas quase sempre fosse cheio de pedras e temporais. Nenhuma arte poderia ser mais nobre e difícil também. Mas não deixava de ser engraçado: um filho que não sabia bater as próprias asas para voar e agora queria voar nas asas imaginativas da literatura. 

 Foi conversar com o filho:

 — Meu Colizinho, que tanto você anda lendo? Conte a sua mãe.

 — Umas historinhas, mãe, só isso.

 — Se é só isso, por que sua mãe não pode ver?

 — Ah, mãe, coisa minha.

 Como ele não voava, a mãe alimentava-o, levava-o à escola, ao rio, ao jardim, ao parque. Mas, agora, como levá-lo ao mundo mágico das letras se ela não o conhecia? 

 — Soube que você anda escrevendo algumas coisas!

 — Nada demais — limitou-se a dizer.

 — Meu filho, qualquer profissão que você escolher, vai ter de batalhar muito se quiser galgar o sucesso. Portanto, se você pretende mesmo seguir essa carreira, vá em frente. — E acrescentou: — Seja como for, saiba que eu vou estar do seu lado. Ficarei muito orgulhosa se você se tornar um escritor, mesmo que não seja dos grandes. Mas, para mim, você será sempre o maior de todos.

 O menino calou-se pensativo, como se já se visse lá adiante entre tantos livros publicados. Ou nenhum. Tremeu as asinhas. 

Dona Beja afastou-se. Voou. 

 Coli voltou à leitura. De alguma forma, as palavras da mãe fê-lo sentir-se mais confiante. Na escola, começou a rabiscar versinhos nos cadernos das coleguinhas. Elas ficavam encantadas com o seu jeito e a sua habilidade com as palavras. Algumas andavam arriando as asinhas para ele, mas, como não sabia voar, ficava nas piscadelas de olhos, nada além. Enquanto isso, nas páginas dos livros, voava e voava como se o mundo não tivesse horizontes nem limites. 

 Um sonhador, a mãe dizia dele, mas o admirava pela labuta de escrever. E ele escrevia, e lia, e escrevia, até que um dia anunciou que tinha um livrinho pronto. Um livrinho para crianças. A mãe deu pulos, voos rasantes; o irmão fez troça, disse que agora ele voava mais alto do que todos da espécie. 

 Juntou o que tinha escrito numas folhas de bananeira, enrolou num rolo e mandou o livro para trinta e duas editoras. O tempo passou, oito meses, e ainda nem uma havia mandado uma resposta. A decepção podia-lhe ser distinguida nos olhinhos a qualquer distância. Sem dinheiro para bancar os custos de uma publicação independente, foi ao quintal do vizinho arriscar a sorte num bilhete de loteria. Na fila, viu uma pequena fêmea de beija-flor de bico grande, tão grande que chegou a pensar que ela estivesse muita zangada. 

Olhou duas vezes e tirou os olhos, achou-a tão bonita e redondinha. Se não se apresentasse, jamais a encontraria novamente. Encheu o peito de ar e aproximou-se para conversar. Não tinha a aptidão narcisista de Humming, mas ele também não tinha a sua aptidão com as palavras, oxente!

 A menina chamava-se Taty e era uma estrelinha-ametista. Ele enamorou-se dela. Gostou tanto da conversa, que a convidou a uma porção de néctar sob uma roseira ao lado. Taty logo percebeu as suas dificuldades de pouso, o andar desajeitado, as asas mortas. Não fez caso, falou de poesia. Coli encantou-se, fez todos os floreios, chegou a esquecer-se de sua necessidade especial. Não parecia importante. Os livros eram importantes; podia voar pelas suas páginas com desenvoltura. Quiçá ela pudesse acompanhá-lo. 

 Noutras conversas, Taty disse-lhe que ouvira falar na escola de uma editora pequena chamada Colibri, que fazia ótimos trabalhos e recebia originais de escritores iniciantes. Coli encheu-se de esperança outra vez. Viu-se imediatamente publicando seu livrinho. Ameaçou bater as asas, mas caiu de banda. Ela riu-se. Ele correu para encontrar um mensageiro a tempo de levar o rolo de folhas de bananeira com os seus escritos à Colibri. Restava-lhe esperar.

 Dias depois o editor de papo branco mandou chamá-lo. Disse-lhe sem preâmbulos que havia gostado do livro e que poderia editá-lo, edição pequena, não mais que 500 exemplares. Ora, está bem demais, o menino ficou mais verde. Contudo, precisava consertar alguns errinhos, umas vírgulas, nada que depreciasse a obra. 

 Nesse meio tempo, Coli comunicou a Dona Beja que traria Taty para morar com ele. Uma alegria para ela; afinal, o filho teria alguém que cuidasse dele e o incentivasse, amasse-o do jeito que era. Quem sabe, em breve, netinhos andariam a voar por ali tudo.

 O livro de Coli chegou três meses depois. Ele foi abrindo o pacote como quem abria a própria história: com expectativa e incerteza. Os seus olhos brilharam intensamente ao ver a capa com a sua imagem refletida, sob letras garrafais onde se destacava o título: O BEIJA-FLOR QUE NÃO SABIA VOAR. 

Abaixo, estava impresso: 

“A leitura protege o cérebro, aquece o coração e liberta a alma.” 

O seu nome artístico, em letras menores: Coli Tobago — alusão à região de onde era originário. 

Dedicou o primeiro exemplar à mãe, que encheu os olhos de lágrimas, depois a Taty e ao irmão Humming. 

Coli espalhou sua arte e, embora não soubesse voar com as próprias asas, voou mais alto do que todos os outros das trezentas e trinta e duas espécies conhecidas.

A noite de autógrafos foi um acontecimento no bosque.

Ensaio sobre a Depressão

 Escritor e poeta Achel Tinôco.

Qual força domina a nossa mente a ponto de nos jogar da ribanceira?

Mergulhamos no pântano indomável da depressão. 

Não é besteira. 

De modo a não mais voltarmos à superfície. 

Ficamos sem saber qual ponte caída interrompeu o coração.  

Que doidice!

O sol devia estar no meio do céu. Mas hoje, exatamente neste momento, nos faltou. Foi-se para o beleléu. 

Os sentimentos, por ora, se misturam, formando uma pasta disforme de ideias desencontradas. Não sabemos como organizá-las. Não escutamos mais nada. Tudo é vazio.

Não é possível crer que alguém tão especial, tão artista, tão sensível como tu, sejas assim dominado sem luta, sem leitura, sem música.

Por que não conseguiste se defender? 

O carrasco ergueu sua espada... E daí? Chuta o entardecer.

Faz frio nesse coração desagasalhado, decerto. Não há abrigo que nos proteja.

Eu brigo comigo, é verdade. Tu não entendes o porquê desse golpe certeiro. 

A água sobe aos olhos, mas, talvez, nem nos dê tempo de chorar. 

Afundamo-nos nas profundezas do rio Para Sempre. 

Só nos resta empunhar o abismo.

Tu vais se dependurar na janela...?

Não chegarei a tempo de salvar-te.

E nos vemos todos na borra duma vela, 

Até concluirmos: a mente é um território indomável. 

À parte, a tragédia está escrita. Infelizmente.

Não cabe nenhuma crítica.

A Menina que não gostava de Palhaço

 


Do livro "O beija-flor que não sabia voar," do escritor Achel Tinoco


Marina não gostava de palhaço. Mas adorava o circo. 

Morava na pequena Circolândia, encostada na Serra do Sincorá, na Chapada Diamantina. O rio passava atrás da casa. Ela gostava de ficar na janela da cozinha olhando as borboletas amarelas, as lavandeiras que corriam na beira d’água caçando mosquitinhos e os mastins-pescadores que mergulhavam para pescar piabinhas. 

Uma vez por ano, todos os circos do mundo lá se reuniam para discutir sobre novas técnicas circenses. E a cidadezinha se transformava numa grande festa: era bicho que corria solto pelas ruas, malabaristas aos pulos, palhaços por todo canto. 

Um menino maluco soprava um bastão com querosene e despejava pelos ares labaredas de fogo. Outro tinha a cara de monstro, mas, tão bonzinho que era, não metia medo às crianças. Marina sorriu acanhada quando ele lhe acarinhou os cabelos aloirados. Também não sentiu medo.

Não temeu o leão, achou graça do macaco, aplaudiu os malabaristas. No entanto, quando o palhaço Quero-Quero apontou na esquina com sua roupa folgada e colorida, o nariz vermelho, o rosto pintado, o cabelo de preguiça, e abriu os braços para pegá-la ao colo, ela se retraiu, escondeu-se atrás da saia da mãe, tremeu os lábios, os olhos faiscaram. 

Amara abraçou-a:

— Que foi, minha filha?

A menina esfregou os olhos marejados e levou o bico à boca. Apesar da idade, ainda usava bico, principalmente em ocasiões que se sentisse ameaçada ou amedrontada, como estava agora.

Quero-Quero deu um beijo na testa de Amara e adiantou o passo, fazendo estripulias, contando histórias, convidando o povo. Às cinco da tarde, haveria matinê:

— Hoje tem palhaço? Tem, sim, senhor! 

No centro do picadeiro, o apresentador espalhafatoso, com uma gola de camisa que cabia dentro mais dez, anunciou aos berros o início do espetáculo: 

— Senhoras e senhores, vai começar a festa. Aqui estão os melhores palhaços do mundo, os melhores malabaristas do mundo, os melhores equilibristas do mundo! — ele disse exageradamente. — Afinal, temos reunidos nesta linda cidadezinha os melhores circos do mundo. E lembrou-se: — Ah, e nunca vi plateia mais bela!

Das pequenas arquibancadas de tábuas, apinhadas de crianças, surgiram palmas entusiasmadas. No meio delas, Marina se agitava, batia palmas, sorria. Uma menina que rodopiava lá no alto do teto de lona, presa pelos cabelos a uma corda longa de algodão, deixou-a de boca aberta. Também esbugalhou os olhos de oliva quando entraram os ursos amestrados, os macacos tão gaiatos, os pôneis corredores.

Mas, quando Quero-Quero, outra vez, pulou à frente e abriu os braços para recebê-la, ela se recusou e chorou. 

— É o papai, minha filha! — disse-lhe Amara. 

Marina não o reconhecia: 

— Não quero ele!

O pai se chamava Osvaldo Meira, era um homem de meia-altura, meia idade, rechonchudo, o bigode ralo, a fala mansa, risonho. Não podia ser aquele palhaço,  conforme devia pensar a pequena Marina. O seu pai não era aquele palhaço feio.

Desde antes de a filha nascer, Osvaldo já se aventurava pelas estradas acompanhando companhias circenses. Conhecera Amara, ainda uma adolescente, ali mesmo na Circolândia, num congresso anual de palhaços. Sem tempo para mais delongas, casaram-se imediatamente tão logo o amor foi confirmado entre ambos. Ela o acompanhou até que a barriga não lhe permitisse mais. Ficou em casa a esperá-lo, pelo menos uma vez ao mês. 

Marina nasceu, e ele não estava presente. Viu-a vinte dias depois. O trabalho no Circo da Gente não lhe deixava de férias dentro de casa por mais de uma semana. Longe das vistas do pai, a menina cresceu rápido. Estava para comemorar o terceiro aniversário. 

Quando o via partir, antes de se caracterizar de Quero-Quero, sempre acompanhado por algum palhaço, Marina olhava pela janela da sala e tinha a nítida impressão de que o pai havia sido mais uma vez levado pelo palhaço. Por isso, ela não gostava de palhaço. Muito menos daquele Quero-Quero, que, toda vez que a via, queria pegá-la ao colo. Além disso, tinha medo de que ele também levasse a sua mãe para longe. 

Desta vez, por causa do encontro, o pai passaria uma semana dentro de casa. Marina não se desgrudava dele. Falava tanto, conversava, brincava, abraçava, dormia agarrada a ele. 

Uma manhã, ela acordou muito cedo e não o viu na cama ao lado da mãe. Chorou. Mas, quando o viu entrar, em seguida, pela porta da rua com um saco de pães nas mãos, jogou-se sobre ele e se enrolou ao seu pescoço como se nunca mais o fosse deixar sair. 

No fim da tarde, quando o pai foi tomar banho, para depois se preparar para ir ao circo, para nova apresentação, ela o seguiu, tomou banho junto com ele, fez um grande monte de espuma com sabão e lambuzou o rosto do pai. Em seguida, saíram enrolados em grandes toalhas brancas de dentro do boxe e se postaram diante do espelho. Enquanto Osvaldo cobria o rosto de espuma para se barbear, Marina se pintava com o batom e o ruge da mãe. 

Vendo aquele quadro infantil, Osvaldo começou a compor o seu personagem para brincar com ela. Não demorou a se transformar no Quero-Quero. Marina largou o batom sobre a bancada de mármore da pia e deu dois passos para trás, com grande surpresa:

— Papai!

Compreendeu: ele não era o monstro feio que o levara para longe de casa. 

Amara entrou no banheiro ao mesmo instante e os três se abraçaram risonhos, admirados pelo espelho.

Foram pelas ruas a caminho do circo. 

Marina se esqueceu do bico. Estava duplamente orgulhosa.

Fases da Lua

                            Foto: Alexsandro Mota Afinal, quem encheu a lua? Estava murcha, quase nua, Montada no seu cavalo. Aí, veio um so...