domingo, 6 de novembro de 2022

O Continuador de Livros

 Continuação:



'"Estava escrito na Praia do Forte", título provisório, eu mesmo não gostava. Caetano Veloso me disse que era um título provinciano. Ele chegara a Salvador no voo 1602, da Gol, previsto para chegar às 18h05min ao Aeroporto Internacional Dep. Luiz Eduardo Magalhães. Eu o esperava desde às cinco e meia, a pedido do meu irmão que tinha uma empresa de transportes. Eu deveria acompanhá-lo pelos próximos dois dias, enquanto ele participava da gravação de um DVD da cantora Beth Carvalho. Ele surgiu no portão de desembarque trazendo nas mãos uma caixa de violão e uma pequena mochila no ombro, imediatamente atrás vinha a sua produtora Giovana Chanley. Apresentei-me a ambos e disse que estava ali para levá-los para casa. Tomei o violão das mãos de Caetano e os indiquei a porta automática atrás da qual estava o meu carro estacionado. Arrumei a bagagem de ambos no porta-malas e sentei-me ao volante. 

  “Caetano prefere ir na frente”, disse-me Giovana. E ele sentou-se no banco do carona e afivelou o cinto de segurança. 

 Dei partida ao motor e perguntei-lhe se preferia que eu ligasse o ar-condicionado.

 “Não precisa, quero sentir o calor da Bahia”, ele falou com o seu sorriso debochado. “No Rio de Janeiro está muito frio, chegou ontem a 11 graus...”

 Animei-me com a simpatia que ele demonstrou. Disse-lhe que em Salvador o clima estava bom, choveu um pouco ontem à noite, mas hoje fizera sol.

 Giovana, sentada no banco traseiro, começou a conversar sobre o quanto gostava da Bahia:

 “Isso aqui é uma terra abençoada...”

 Na saída do bambuzal, antes de fazer o contorno para seguirmos ao centro da cidade, ficamos um minuto parado no engarrafamento.

 “Acho que será necessário a prefeitura construir um viaduto nesta área”, eu comentei despretensiosamente, ao que Caetano respondeu:

 “Com o crescimento da cidade para o lado de cá, e com a proximidade e a importância da Praia do Forte, acho também que não há alternativa...”. Voltou-se para a sua produtora: “Você conhece, Giovana?”

 “Ainda não, mas gostaria muito!...”

 Ele continuou:

 “É de um alemão...”

 Era a deixa que eu estava esperando para dizer-lhe que eu era escritor, lutando pelo meu lugar ao sol. O interrompi:

 “Não é de um alemão, na verdade ele é paulistano”, disse com convicção.

 “Você o conhece?”, Caetano me perguntou.

 “Estou escrevendo a biografia dele...” 

 Ele não se alterou, nem demonstrou surpresa:

 “Então me conte como ele chegou até aqui”.

 “O senhor Klaus Peters”, eu lhe disse “chegou a este Litoral Norte quase por acaso, aliás, tudo na vida dele, como acredita, aconteceu por acaso...”

 “Não podemos deixar de admitir”, ele comentou distraído, “ele fez um ótimo trabalho. Aquilo lá está uma beleza.

 Agora falávamos de literatura, não de música como seria mais provável, dos livros que ele escreveu, dos livros que eu escrevi etc. Mais adiante, quando já havíamos atravessado toda a Avenida Paralela, passando pela rodoviária, conversávamos sobre política, e ele me dizia de sua decepção com o governo lula, embora ele fosse um homem bonito... Quê? Chegamos ao Rio Vermelho, mas antes de ele chegar a casa, pediu-me que parasse no Largo da Mariquita, ao lado do tabuleiro de uma baiana, para comprar acarajés. Enquanto isso, eu já me adiantava e escrevia uma dedicatória num livro que trazia no carro, justamente para essas emergências. Dei-lhe o meu "Vilarejo dos Anjos", prefaciado pelo professor Pasquale Cipro Neto, que ele folheou e disse-me que assim que terminasse de ler escreveria um comentário para um jornal qualquer. Até hoje espero."


P.: acabei mudando o título do livro para O CASTELO DE WILHELM HERMANN. Nele, conto a história de Klaus Peteres e a sua fantástica Praia do Forte.

sábado, 5 de novembro de 2022

O Sonhador de Livros

 Continuação:

'“Se o livro tivesse a importância de um gol, seriamos um país de leitores”. 

Certa vez, concedi uma entrevista para uma jornalista do principal jornal da Bahia, cujo nome até já esqueci. Horas e horas ao telefone conversando, explicando, falando do meu quinto livro, "As Nudezas Secretas de Eleonora". Pretendia lançá-lo em breve. Estava todo animado como se amanhã eu já fosse reconhecido na primeira página e a capa do livro estivesse estampada. Um mês depois, recebi um telefonema da mesma jornalista:

“A quem você deu a entrevista?”, ela perguntou-me apressada.

“A você mesma”, eu disse surpreso com o esquecimento dela. “Por quê?”

Sem vergonha, ela respondeu:

“Desculpe, é que não estou encontrando...”

Isso mesmo, ela havia perdido a entrevista. E nunca saiu nada sobre esse livro. Quase sempre era assim tratado, com descaso, mesmo eu indo pessoalmente às redações, distribuindo livros para todos que encontrasse, contribuindo com artigos e opiniões sobre assuntos diversos. Na véspera de um lançamento, eis que lia no jornal uma notinha quase invisível sem o nome do autor nem o local do coquetel. Tinha vontade de voltar lá e esfregar o livro na cara de cada um. Passava dias jurando para mim mesmo que nunca mais eu mandaria um artigo ou uma opinião sobre qualquer coisa. Mas eis que a indignação passava ao largo, e para as redações enviava mais uma crítica: dessa vez, um vereador apresentou um projeto limitando a venda de acarajés na Cidade de Salvador. Dizia ele que somente baianas vestidas a caráter e em pontos determinados poderiam vender o bolinho de feijão. Comecei dizendo que era um projeto tão absurdo como aquele do fraldão para os cavalos não sujarem as ruas... O político não gostou nem um pouco do que lera no jornal e disse em resposta que eu era um missivista ignorante. Vá entender!

Os carros de bois do meu próximo romance estavam a caminho, esperando o meu avô, na região cacaueira, onde comprara a fazenda Jandaia e trabalhava nela havia quase doze anos, para em seguida buscar a família em Amargosa. Como eu mesmo diria adiante, caindo num lugar comum, o velho montara um pequeno império, fundara uma cidade e consolidara toda a sua respeitabilidade de homem sério e honesto que fazia da palavra sua assinatura pessoal e indiscutível, como eu fizera da minha um modo de viver. Nesse "Vilarejo dos anjos" criado por mim, descobri ainda uma Bahia nova, melhor explicando, uma Bahia velha do tempo dos coronéis do cacau quando aferroava aqueles que não cumprissem as ordens, aqueles que descumprissem a palavra e aqueles que não respeitassem a honra de um homem; quando os frutos do cacau nasciam até nos pés de jaca. A região povoava o imaginário de Jorge Amado, que a descrevia por todo o mundo, enquanto que os seus coronéis despejavam nas burras suas amêndoas achocolatadas para depois conquistar a terra, enquanto eu, embora tivesse passada já a metade da vida naquela região, somente agora descobria todo o seu enquanto e esplendor, toda a sua riqueza cultural, e as história que estava a contar...'"

Aniversário de minha prima

 O Blog Ibirataia parabeniza hoje (5/11) Andréa Machado.

                     Feliz Aniversário Andréa!
Que você prima, tenha sempre muita saúde, paz, amor e sonhos realizados e que continue está pessoa encantadora, gentil e linda!

    

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Aniversário de uma tia especial

 O Blog Ibirataia parabeniza hoje (04/11) Zoraide Machado 

Não é todo mundo que possui uma tia tão maravilhosa e gentil como você. Por isso sou muito grata.


Você tia é um grande exemplo de mulher para mim.


            Feliz Aniversário! Que Deus te abençoe sempre com muita saúde, paz e amor.
        Te amo muitoooo.
      




quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Aniversariante do Dia

             Feliz Aniversário!

O Blog Ibirataia parabeniza hoje (02/11) Edjeane Mercês desejando muita paz, amor, luz e sucesso e que você realize todos os seus sonhos. 

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

O Vendedor de Livros


continuação...



"Levei anos para dar um fim aos meus livros de poesia, devo dizer que vendi alguns e dei de presente a maioria. Pelo menos para o meu pai, eu era um poeta, ora, e agora quiçá um romancista. O meu primeiro romance estava finalmente pronto. Meus trabalhos no computador de Marcelino chegaram ao fim. E agora seria fácil publicá-lo, eu pensava, era só mandar uma grande editora e logo, logo receberia uma resposta dizendo que o meu livro seria um best -seller, ledo engano. Com medo de ser novamente enganado por um editor sabido, mandei a várias editoras do sul do país, mas nenhuma resposta eu obtive, nem que era bom, nem que era ruim. Nesse meio tempo, eu já o imprimira dez vezes e relera-o novamente, e corrigira-o todo dia, porque todo dia eu encontrava novo erro, ou erros velhos, uma frase exagerada, aquela cena do motel repetida muitas vezes precisava ser cortada, o ponto final que não parecia final. Coincidentemente, encontrei um ex-colega do colégio das Sacramentinas, onde eu havia estudado, chamado Jorge Randan Filho, e ele disse-me que o seu pai era dono de uma editora, portanto, eu levasse os meus originais para uma avaliação. O sol parecia ter brilhado só para mim nesse instante, como se eu já visse o meu livro em cada canto do Brasil. Cheguei afobado, no dia seguinte, a Contexto e Arte, na Ondina, para falar com o editor, o senhor Sérgio Sinotti, um homem calmo, paciente, e que, acima de tudo, gostava dos livros e vivia deles. Nossa conversa foi sempre agradável, ele prometeu-me ler, analisar e em breve me daria uma resposta. Depois de três semanas de espera, eu mesmo telefonei para ele, não suportava a expectativa. 

“Gostei muito do seu livro”, ele foi logo me dizendo, o que me fez parar de respirar ao fone. “Mas acho que tem algumas passagens muito fortes e ousadas, que você poderia rever.”

Claro que sim, eu pulava do outro lado da linha. Ele me disse que fosse lá amanhã para conversarmos. Se eu pudesse ajudá-lo na edição — significava dividir as despesas com o livro —, poderíamos trabalhar juntos. Àquela altura da minha carreira literária latente, parecia o mais claro e brilhante dos horizontes. Eu publicaria o meu primeiro romance, doze anos depois de publicar o primeiro de poesia e cinco após tê-lo escrito. Eu ali, na sala de Sinotti, revisando, dando palpite, sonhando com o livro. A capa? Ainda tinha a capa. Pedi a um amigo. Uilson Moraes, que a fizesse. A revisão final? A revisão, pedi a Jorge Portugal, professor e músico que a fizesse, e o alertei: “Se você não fizer, agradeço do mesmo jeito e escrevo no rodapé do livro que você a fez”. Ele sorriu o seu sorriso grande e me prometeu que o faria. A edição com 700 livros ficaria pronta para dali a um mês. Bonita, nunca como sonhamos e desejamos, mas ficaria bonita, com 197 páginas. Agora eu precisava fazer o lançamento, precisava mostrá-lo a Bahia. Um amigo indicou-me para conversar com um DJ chamado Nenga, da boate Casulo, no Oton Palace, na Ondina. Imagine quanto isso não me custaria, e eu não tinha esse dinheiro, mas fui lá, já não tinha mesmo o que perder. Encontrei-o sentado ao lado do bar. Imediatamente, ele veio conversar comigo. Expliquei-lhe minha situação e a vontade de fazer uma festa naquela casa, embora já pensasse seria impossível, o lugar era rico, decorado com esmero, e mais importante: caro. Ele explicou-me que o aluguel do espaço, somente o aluguel, custava três mil reais. Pronto, esmoreci, afundei na poltrona de couro. 

“Gostei de você”, ele me disse sorrindo. “O espaço é seu, não vai lhe custar nada”. 

Fiquei boquiaberto, sem conseguir me expressar: 

“E o gelo...?”, foi o que perguntei. 

“Você pode usar toda a estrutura da casa: garçons, seguranças, iluminador, e eu mesmo serei o DJ”.

“E você me dá o gelo?”, repeti a pergunta agora para fazer uma graça. 

Ele sorriu com simpatia:

“Você não tem jeito: está bem, dou o gelo também, mas o coquetel fica por sua conta”.

Cheguei à boate acompanhado de toda a minha família para aquele que seria o meu mais bonito lançamento até hoje. Foi uma festa. Foram vendidos 108 livros. Na hora eu achei que foi muito pouco, mas Sinotti disse que não, tudo estava perfeito. A festa varou a madrugada. No dia seguinte meu pai me perguntou se eu não estava satisfeito. Parecia triste e decepcionado comigo mesmo. Era a tal “depressão pós-livro” que eu estava vivenciado, como se o livro fosse apenas o mesmo sonho de outrora e nunca eu o tivesse escrito, precisando por isso começar tudo outra vez. Além disso, tinha 640 livros em mãos para vender por aí. Foi daí que comecei a minha via-crúcis pelas ruas e shoppings de Salvador vendendo meus livros. Um vendedor de livros. E as críticas começaram a surgir, elogiosamente. A escritora Zélia Gattai disse-me num sorriso delicado e simpático que o romance era muito interessante: “Meu filho, tem coisas nesse seu livro que eu sempre tive vontade de escrever, mas nunca tive coragem”. E o meu pai, que era um leitor dos grandes e muito crítico, também me escreveu para dizer que o livro o surpreendera positivamente. 

Pronto, eu era um escritor, e ficava imensamente feliz quando vendia um livro..."

domingo, 30 de outubro de 2022

Carreata de Lula e Jerônimo em Ibirataia

 


Aconteceu na noite de sábado (29) uma belíssima carreata e motociata onde pessoas se misturaram ao movimento. 




sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Carreata do Bolsonaro em Ibirataia

 Na noite sexta-feira (28) aconteceu em Ibitataia a carreta do presidente a reeleição Jair Bolsonaro na cidade de Ibitataia.




quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Família de Ibirataia se envolve em acidente em Goiás

 O Blog Ibirataia se solidariza com os familiares neste momento de dor e tristeza.


Família de Ibitataia se envolveu em um trágico acidente da noite desta quinta-feira ( 27) em Jataí em Goiás.



A motocicleta colidiu com uma camionete as vítimas são  Antônio de 25 anos, que está em estado grave, Maria da Paixão, de 34 anos que veio a óbito e a filha do casal, Emily de 8 anos que está em estado grave.

Aniversário do Eterno Presidente do Brasil

 

O Blog Ibirataia parabeniza hoje (27) Luiz Inácio da Silva, que faz  77 anos de vida, que Deus o abençoe sempre.


Desejo toda felicidade do mundo que Deus te ilumine sempre, guie seus passos e dê muita força para que você possa lutar pelos seus objetivos.


Tenho certeza de que o Brasil ainda precisa do senhor e estamos juntos nessa batalha para melhorar a vida do povo brasileiro.

Aniversariante do Dia

 O Blog Ibirataia parabeniza hoje (27) Najara Limeira desejando que floresçam e sejam abençoados todos os sonhos que estão no seu coração.



Sessão na Câmara Municipal de Vereadores de Ibirataia

  Nesta segunda-feira (3),  a sessão da Câmara,  inciou com os alunos da Escola Pingo de Gente, cantando o Hino de Ibirataia, e depois os ve...