quinta-feira, 17 de julho de 2025

Caminhos do Rei

 

Não sei se sou o único, mas com certeza sou dos poucos escritores que começaram a carreira incentivados por um cantor. Sim, um cantor: Roberto Carlos. Tinha lido o primeiro livro, "O menino do dedo verde", de Maurice Druon, que me deixara sonhador. Mas as músicas de Roberto Carlos me faziam poeta, ou pelo menos, eu achava que cada letra e cada verso seus eram escritos para mim, ou por mim. Diziam exatamente o que eu queria dizer. Minha mãe era apaixonada por ele; meu pai torcia o nariz, achava que aqueles cabelos longos e aquele modo de se vestir não condiziam com a imagem de um artista. Ora, mas o que importava era o romantismo, a inocência, o cantar. E eu copiava algumas letras dele e corria para mostrar ao meu pai, como se fossem de minha autoria: "Estou amando loucamente a namoradinha de um amigo meu...". 

 — Quanto mais você ler e escrever, mais você terá facilidade de pensar, e de colocar no papel tudo o que sente — dizia-me, sentado atrás de sua mesa de leitura, sempre com um livro às mãos. — Não desista. Você será um grande escritor!  

 E lá fui eu trilhando os caminhos do "Rei", mas ainda tinha escrito nada, não passava de um menino de 10, 11 anos, que ficava no peitoril do casarão do meu avô imaginando "Como é grande o meu amor por você". Por ela, alguma menina que eu visse na TV, ou pelas ruas da pequena cidade de Tesouras, e que supostamente tivesse me lançado um olhar na contramão... Somente mais tarde, pelos 17 anos, comecei a escrever meus primeiros versos, nos cadernos das meninas do Colégio das Sacramentinas, em Salvador. E eram tantas, que precisaria escrever ininterruptamente. Mas aí, já não copiava aquelas canções do cantor, preferia os poemas de Cecéu, "E como em noites de Itália, ama um canto o pescador", amo a poesia, o sonhador, ainda que eu seja jamais aquele Alves, "Gondoleiro do amor", muito menos "Esse cara sou eu". 

 Sou apenas um poeta, daqueles bem pequenos, quiçá até um escritor, como o meu pai previu que eu fosse, e tinha tanto orgulho de minha escolha, apesar dos pesares. 

 "O importante é que Emoções eu vivi." E vivo, até hoje, a cada livro que escrevo.

Credito: Escritor  Achel Tinoco

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