O Sonhador de Livros

Nestas minhas aventuras de escrever, já me deparei com cada personagem, digna de Cervantes.


Imagine, pois, que uma senhora me escreveu da Inglaterra, oferecendo-me a bagatela de 29 milhões de euros, porque estava com os dias contados por um câncer e queria deixar a quantia para um escritor esforçado como eu. Como ela sabia? Agradeci-lhe e disse que, embora precisasse de uma fração desse montante, era dinheiro demais para mim, nem sabia como gastá-lo. Declinei da generosa oferta.

O outro queria que eu escrevesse a sua história, mas não tinha como me contar, nem ninguém que pudesse, porque, segundo me explicou, ele não estava mais neste mundo e não havia ninguém que se lembrasse de sua existência. Do mesmo jeito que chegou, desapareceu, sem deixar contato, nem um endereço. Benzi-me. Não parecia muito certo do juízo.

E um terceiro, que todo dia me enviava mensagem dizendo que eu era seu irmão e só confiava em mim para conversar. Eu seria seu único amigo e guardião. Nunca comprou ou leu um livro meu, mas queria saber de todos, e quando me convidava para tomar um café, ele não tomava o café, porque não gostava de café, mas se eu quisesse podia pedir um café, contanto que fosse sem açúcar. Eu não suporto café sem açúcar.

E ainda dizem que a vida do escritor não é uma confabulação.

Vá entender!

 


Credito: Escritor e poeta Achel Tinoco 


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