Preguiça e Ignorância
Parece que cada vez mais, precisamos escrever menos. Textos curtinhos para não ofender a preguiça e a ignorância alheias. Já não podemos escutar os ecos de um Saramago, de um Machado ou de um Humberto Eco. Michelangelo, Van Gogh, Beethoven, quem são? Eles pensavam demais, escreviam demais, pintavam demais, cantavam demais, coisas espetaculares demais, e nos obrigava a prestar atenção em cada pensamento, em cada traço, em cada nota, o que hoje já não se faz mais necessário. A arte que existe para que não tenhamos um olhar banal sobre as coisas, precisa ser reduzida, precisa ser urgente e com tempo limitado para não cansar as mentes já tão cansadas dessa geração inculta, incauta, improvável. O autor, o pintor, o cantor, o escultor, o sonhador que quiser dizer alguma coisa, uma mensagem, uma ideia, que seja breve e objetivo, sob pena de ficar sem público, sem espectador e sem leitor. A leitura, que fazia tanto bem ao cérebro, ao desenvolvimento, está sendo trocada por pequenos vídeos de putaria, de sem-vergonhice, de inutilidades, mas que seduzem, iluminam e prendem a atenção de quase todos. E os artistas, que ontem precisavam ser artistas, hoje simplesmente criam artificialmente suas obras momentâneas para entreter os milhares e milhares de consumidores virtuais. E nós, que tínhamos tanto a oferecer e tanto a aprender, vamos nos retraindo, nos escondendo e vivendo em pequenos nichos de velhos utópicos que nada mais conseguem produzir, exceto dar um jeito de encurtar as próprias obras para satisfazer às expectativas atuais. Infelizmente.
Credito: Escritor e Poeta Achel Tinoco
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