Por Achel
Ah, tá, criança não pode trabalhar. Está certo. Criança só pode cheirar cola, roubar e até matar, mas trabalhar, não. No entanto, em algum momento da vida, nossos avós e nossos pais sempre incentivaram seus filhos a trabalhar, desde muito cedo, ou meramente acompanhá-los... Eu mesmo, lá pelos 7, 8 anos, acompanhava meu pai à roça. Não fiquei traumatizado, não me senti escravizado, não conheço um que ficasse aleijado por isso. Pelo contrário, dava-nos orgulho acompanhar o pai. Evidentemente, não era nem seria um trabalho de matar, que tirasse da criança o direito de ser criança, de correr e de brincar, apenas um brincar de trabalhar, uma iniciação para que a criança entendesse desde já o valor das coisas, e a importância que ela própria teria adiante. Mas no Brasil de hoje — o Brasil assistencialista, o Brasil parasita, o Brasil ‘babaquista’ —, a criança não pode trabalhar, sequer precisa estudar, tudo bem, o que importa é o valor do celular. Entrementes, na contramão da idade, engravidar pode; bater no professor, também pode; traficar, é quase de lei; morrer antes dos 30 é uma regra e/ou destino. O que não pode é trabalhar; levar umas palmadas, nem pensar; sofrer reprimendas, deixa pra lá. Engraçado que a dupla Sandy e Júnior começou a trabalhar aos 5 anos de idade, e esses mesmos puritanos dos filhos dos outros achavam o máximo os dois no palco; Pelé começou a trabalhar profissionalmente ali pelos 14 e, por conta disso, tornou-se rei; semana passada, Cori Gauff, uma garota americana, de apenas 15 anos, assombrou o mundo ao vencer a veterana Vênus Williams, no torneio de tênis de Wimbledon. Quanto orgulho dessas crianças, né!? Mas no Brasil, criança não pode trabalhar, porque os pais brasileiros são muito malvados, põem seus filhotes à lida antes mesmo de serem desmamados.
Saí de casa, indagorinha, e vi numa esquina da Graça uma mãe sentada no passeio com um filho de meses ao colo e outros quatro, entre 2 e 6 anos, com as mãozinhas estendidas pedindo esmola “pelo amor de Deus”! Oxente, não entendi. Ah, tá, esmolar pode.
Criança não pode é ficar fora da escola, ser explorada e maltratada, ora ta! Uma criança que “trabalha”, dentro de uma conjuntura, é claro, jamais ficará nas ruas prostituindo-se, roubando ou matando.
Uma criança que trabalha, sempre será gente.
Ah, tá, criança não pode trabalhar. Está certo. Criança só pode cheirar cola, roubar e até matar, mas trabalhar, não. No entanto, em algum momento da vida, nossos avós e nossos pais sempre incentivaram seus filhos a trabalhar, desde muito cedo, ou meramente acompanhá-los... Eu mesmo, lá pelos 7, 8 anos, acompanhava meu pai à roça. Não fiquei traumatizado, não me senti escravizado, não conheço um que ficasse aleijado por isso. Pelo contrário, dava-nos orgulho acompanhar o pai. Evidentemente, não era nem seria um trabalho de matar, que tirasse da criança o direito de ser criança, de correr e de brincar, apenas um brincar de trabalhar, uma iniciação para que a criança entendesse desde já o valor das coisas, e a importância que ela própria teria adiante. Mas no Brasil de hoje — o Brasil assistencialista, o Brasil parasita, o Brasil ‘babaquista’ —, a criança não pode trabalhar, sequer precisa estudar, tudo bem, o que importa é o valor do celular. Entrementes, na contramão da idade, engravidar pode; bater no professor, também pode; traficar, é quase de lei; morrer antes dos 30 é uma regra e/ou destino. O que não pode é trabalhar; levar umas palmadas, nem pensar; sofrer reprimendas, deixa pra lá. Engraçado que a dupla Sandy e Júnior começou a trabalhar aos 5 anos de idade, e esses mesmos puritanos dos filhos dos outros achavam o máximo os dois no palco; Pelé começou a trabalhar profissionalmente ali pelos 14 e, por conta disso, tornou-se rei; semana passada, Cori Gauff, uma garota americana, de apenas 15 anos, assombrou o mundo ao vencer a veterana Vênus Williams, no torneio de tênis de Wimbledon. Quanto orgulho dessas crianças, né!? Mas no Brasil, criança não pode trabalhar, porque os pais brasileiros são muito malvados, põem seus filhotes à lida antes mesmo de serem desmamados.
Saí de casa, indagorinha, e vi numa esquina da Graça uma mãe sentada no passeio com um filho de meses ao colo e outros quatro, entre 2 e 6 anos, com as mãozinhas estendidas pedindo esmola “pelo amor de Deus”! Oxente, não entendi. Ah, tá, esmolar pode.
Criança não pode é ficar fora da escola, ser explorada e maltratada, ora ta! Uma criança que “trabalha”, dentro de uma conjuntura, é claro, jamais ficará nas ruas prostituindo-se, roubando ou matando.
Uma criança que trabalha, sempre será gente.
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