Quando eu era pequeno, cansei de por os sapatos juntinhos na janela, ou aos pés da cama, na certeza de que Papai Noel deixaria algum presente para mim. Eu esperava uma bola, um carrinho, uma bicicleta. Nunca ele trazia o que eu tinha pedido, mas sempre me deixava alguma coisa. Achava que eram tantas as encomendas, que não podia prestar atenção no pedido de um menino da roça. Mesmo assim, era uma festa pela manhã ao ver que os sapatos estavam cobertos com um presente. Ai veio o início da adolescência, e descobri a verdadeira identidade do Papai Novel. Não tinha mais cabimento deixar os sapatos ao relento. Quiçá sob a árvore enfeitada com bolas vermelhas no canto da sala. Então descobri que era elegante enviar, pelos correios, cartões de Natal. E se os recebesse primeiro, tinha por obrigação respondê-los, um por um, escrever todos os desejos de boas festas, um ano novo próspero e feliz. À medida que fui me tornando adulto, foram aumentando o número de cartões para enviar. Não podiam ser iguais e os tamanhos tinham que ser diferentes. O da namorada era sempre o maior, o mais bonito e caro. Era inconcebível alguém que não mandasse ou recebesse um cartão de Natal. Ainda tinha aqueles personalizados, ou em forma de folhinha. Os cartões traziam o nosso prestígio, as nossas amizades, os nossos amores. De repente, de um Natal para o outro, todos os cartões sumiram da caixa de correio. Não os recebi mais. Ficaram démodé, tal qual esta palavra fora de moda. Resumiram-se a formais Boas Festas e Feliz Natal pelas redes sociais. As redes sociais extinguiram os cartões de Natal. Tudo ficou tão comum e prático. Uma pena! Um cartão. Mas não importa: valem os nossos desejos desse Natal feliz, repleto de luz, de harmonia, de grandes abraços e votos sinceros de amor.
Se você ainda não recebeu, pelos correios, um cartão meu, não fique assim, não fique triste, saiba que eu lhe enviei, para lhe desejar um maravilhoso Natal e um Ano Novo espetacular.
FELIZ NATAL para todos os amigos, os sapatos nas janelas, o saco cheio de alegria, de muita paz, de eterna fantasia, e um Papai Noel bem gordo e bonachão, ora tá!
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