A polícia fechou uma rinha clandestina de cães, em Mairiporã, grande São Paulo, na noite do último sábado (14), e prendeu 37 pessoas. Entre elas, um médico veterinário, um médico de almas, empresário, americano, mexicano, peruano, policial militar, menores. Estavam todos lá dentro. O que significa que não é apenas um ato praticado por ignorantes, mas, principalmente, por dementes, estúpidos, desumanos. Muitos animais feridos, um morto, outros esperando para brigar e morrer posteriormente. E o homem lá, assistindo a tudo, orgia e prazer, enquanto que a mulher do homem está em casa, decerto, janela aberta, camisola preta, bobs nos cabelos, esperando pelo Ricardão.
Mas qual a novidade desta matéria? O próprio homem muitas vezes se mata dentro duma rinha, a qual ele chama de ringue, ou no meio da rua. Tanto para se exibir, quanto por perversidade, ou, meramente para defender sua honra. Mas qual honra? Aquela que pegou a mulher na cama refestelando-se com o Ricardão ou essa que obriga dois animais inocentes a brigarem até a morte? Não bastasse, põe canários na gaiola, cavalos na baia, porcos no chiqueiro, gentes no espelho até que se estranhem, até que se olhem, até que se matem.
Para ele, o homem, é diversão; para os animais, é sobrevivência ou instinto. Não importa. É cruel do mesmo jeito.
Achel Tinoco escritor e poeta
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