Fico sempre a pensar:
O que se passa na mente de alguém condenado à morte? Seja por uma doença, seja por uma sentença. Como são os dias que se sucedem? E as noites que não passam? Imagino que os pensamentos habitem outra dimensão — distantes, apavorados, repetitivos.
Tive um amigo médico que descobriu um tumor na cabeça. Ele sabia que não havia mais o que fazer, e apenas se perguntava que mal teria feito a Deus. Conversava comigo, mas eu não tinha uma explicação plausível. Queria dizer tanto, mas apenas me resumia a lembrar que era um médico, um cientista, não podia acreditar que tivesse alguma culpa e por isso Deus o castigasse. Não tinha 50 anos. E eu via o desespero em seu olhar, de quem tinha muito o que viver, e não queria partir. Não sei quais foram seus últimos pensamentos, se é que os teve. Não houve tempo para me contar.
Tomara que não tenha pensado em nada. Que tenha aportado numa dimensão maior, e encontrado a paz, simplesmente; a mesma paz que eu não encontrei quando recebi a notícia...
Fico sempre a pensar.
Credito: Escritor Achel Tinoco
#Condenado
#pensamentos
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