Eu, que tinha em mim todos os sonhos do mundo,
Não quero mais sonhar com a aurora inacreditável.
Prefiro pisar o chão que me seja deveras habitável
E que não me exponha tanto a este inverso mundo.
Ficou para trás, e sem qualquer reconhecimento,
Tudo o que imaginei em permanente construção,
Quando, na realidade, era apenas mais uma demão
De uma tinta incolor que desaparecia com o tempo.
E, assim, acreditei que os sonhos seriam estrada
A cada página que eu rabiscava a duras penas,
Enquanto não se abria na minha vida uma picada.
Até que compreendi o que disse Pessoa ao escrever:
Talvez a minha alma seja infantilmente pequena
E, por isso, sou apenas este sonho de nada ser.
Credito: Escritor Achel Tinoco
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