Morro do Chapéu
O Coronel Dias Coelho e o marketing e o politico
Os resultados das eleições de 1899 não foram boas para o grupo dos Coquis, encabeçado pelo coronel Francisco Dias Coelho, que estreava na política. Disputavam os grupos políticos, Mememés x Coquis, os cargos para membros do Conselho Municipal, Intendente da Junta de Administração Distrital e Juiz de paz.
Votaram 571 eleitores, presumindo-se que na sua maioria eram oriundos de famílias da elite local, salvo alguns que de alguma maneira foram alfabetizados. Apurados 485 votos para o major Pedro Celestino e apenas 76 para o coronel Dias Coelho, um resultado catastrófico, apesar de três dos sete assentos para o Conselho Municipal ter sido ganho pelos Coquis.
A construção da imagem do coronel Dias Coelho -
O grupo escolheu três estratégias para reforçar a imagem do coronel: como torna-lo conhecido tanto nas camadas populares, apesar do ótimo trânsito pelo contato direto com os garimpeiros e pequenos produtores rurais e agregados, além de fazer-se presente nas elites locais como sendo parte dela, e o fortalecimento do grupo através dos três membros eleitos para o Conselho Municipal - neste caso a atuação na gestão pública.
- O marketing eleitoral -
Para que a imagem do coronel chegasse a todas as partes do município, os Coquis usaram a fotografia, coisa muito comum entres as pessoas abastadas nos séculos XIX e XX: a distribuição aos familiares e amigos mais próximos, um ato compreendido pelo recebedor da fotografia como uma gentileza e apreço pela amizade. A ação foi estendida aos correligionários e às famílias das camadas mais populares.
Duas imagens do coronel foram usadas. Para os mais pobres, o coronel vestia a farda da Guarda Nacional, assentado na cadeira que se assemelva a a um trono, com semblante tranquilo e imponente. Para elite, o coronel aparece com um terno bem ajustado, uma gravata alinhada, ar de tranquilidade, com um semblante mais grave e solene.
Na imagem para elite o objetivo era que o destinatário visse na fotografia que o personagem retratado era um dos seus, também culto e rico, embora a fotografia não escondesse a sua cor.
Já na fotografia enviada as camadas populares, era a aproximação da população pobre ao chefe político, como se um dos negros e pobre pelo nascimento estive representado ali na imagem, na imponência da farda com seus botões, ombreiras, cinturões e punhos. Tipo: qualquer um de vocês pode também vestir esta farda.
Resultado que nas eleições de 1903, o candidato do coronel, Antônio de Souza Benta, foi eleito para Intendente da Junta de Administração Distrital e elegeu a maioria dos membros do Conselho Municipal.
Dois mandatos dos Coquis depois, o coronel Dias Coelho, nesta época Conselheiro municipal, enfim, assume a Intendência Municipal, interinamente, em 1909, e em 1911, através do voto direto.
Morro do Chapéu experimentou seu momento de crescimento, com a modernidade e o progresso, sendo completamente reestruturada: ruas retas, largas e arborizadas, teatro, biblioteca pública, orquestra filarmônica, jornal, além de uma população em sua maioria alfabetizada, era a "Suíça sertaneja", uma cidade neutra pacífica e de grande importância no contexto regional.
Fonte: O Coronel Negro: o coronelismo e Poder no Norte da Chapada Diamantina(1864 - 1919).Tese de Mestrado de Moisés de Oliveira Sampaio.Uneb, 2009.
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