Ei, vocês que maltratam, que surram, que violam a nossa língua, por favor, deixem-na em paz; deixem-na que respire e se restabeleça de tanta estupidez, ignorância e grosseria.
O boa-noite é a todos e somente a todos, senão as pessoas seriam pessous também, e vocês seriam vocês homens e vocês mulheres, e ainda vocês todes.
Que porra é essa? E por que não dizer porro? E o cacete, a que se referisse ao apanhado, também seria chamado de caceto, que, por sua vez, ficaria ofendido se não fosse caceta, ora tá!
A língua já é por demais malfalada para ser tratada com essa neutralidade injustificável: oxente, oxenta e oxento! Se assim o fosse, quando nos referíssemos aos pais, seria aos pais homens, aos pais mulheres e aos pais misturados, que não fossem homens nem mulheres; e a raça humana seria composta de humanos homens, humanos mulheres e humanos todes os outros, e todos e todas. E a pobre língua, metida nesse línguo enrolado, já não consegue sair da boca para se estabilizar, não bastassem as tantas gírias e modismos que a acometem de febre diariamente para desarpotuguesá-la.
Portanto, vocês que a infestam de lambanças, de desesperanças, de lanças, não sejam burras, burros e burres; pelo menos, cravem o Machado na língua de Camões, que este chegará a Mindlin, que virá até mim. Mas, se não conseguem traduzir a própria língua para a normalidade, deixem-na povoar o céu da boca sem precisar cuspi-la fora desrespeitosamente, sob pena de criarmos um dialeto tão desumano e incompreensível que voltaremos a nos comunicar por gestos, por dedos, por piscadelas.
Entenderam, vocês aí que estão ligados e ligadas...?
Vá entender!
Credito: Escritor Achel Tinoco
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