quinta-feira, 11 de julho de 2019

O Cacau

     O Cacau
(por Achel Tinoco)

O cacau, ah, o cacau que já sustentou esta terra, que protegeu a mata, que empregou e enriqueceu tanta gente, que se fez romance e foi até tema de novela... O cacau de ‘seu Nacib’, o cacau de ‘Gabriela’, o cacau de ouro. Pois é: esse cacau apodrece, agoniza, está condenado à morte. Junto com ele vai toda uma região, uma tradição, um punhado de coração. Vão-se tantas vidas, deixa-nos essa tristeza.
O nosso cacau já não nos serve; já não nos basta; fica jogado dentro de sacas de aniagem lá sobre as barcaças, nos armazéns, nas firmas. Não tem importância, não tem preço, não tem valor. E com a crise econômica de que foram acometidos a Europa e os Estados Unidos, não nos compram mais as réstias de amêndoas que tínhamos; deixaram de nos ver; preferem o cacau africano, preferem qualquer coisa que não seja nossa. O mel escorre-nos por entre os dedos. Assim, voltemos aos livros de Jorge Amado para continuar sonhando: é o que nos resta.




O poeta e escritor Achel Tinoco nasceu na pequena São Domingos do Capim (Pará). Foi criado na Bahia, na fazenda Vila Ferreira, município de Ibirataia, sul do estado, a 370 km da capital.
Hoje mora em Salvador, onde fez os cursos de Letras e Administração de Empresas.

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