Escritor: Achel Tinoco Vem esparramar as ideias, desalinhar os cabelos, desfraldar a alma. Caem do teto, do fundo da noite, desgovernados. Procuram uma fresta para apertar nossas mentes, para nos fazer de zumbis. Insones, vamos tateando no escuro. O sol demorará a nascer; e a madrugada está a um pingo da janela. É o momento exato de eles atacarem: um dragão-de-komodo atravessa a parede do quarto, quando deveria ser apenas um sardão. Ou talvez fosse a barata kafkaniana, que precisa ser expulsa de casa a vassouradas. Falta-nos piaçaba para varrer as sombras do passado que brigam entre si por um punhado de pão; que não entendem desta atroz solidão. Do que precisamos, afinal? O que nos libertará dessas ambições? Rolamos na cama, faz calor, chove lá fora. Tudo parece grande demais, os problemas são monstruosos, o choro é compulsivo. Levantemos, acendemos as luzes, mas não há estrelas no céu. Ainda chove, chora, sua o nariz... O vento bate à porta, mas não entra, estamos fechados dentro de