Há sombras que precisam se evadir de nós.
Sejam como as ondas que se jogam sobre a areia da praia e recuam imediatamente.
Fico a observá-las, qual navegador que se perde no horizonte sem conseguir tocá-lo.
Inquieta-me o coração, que anda à tua procura... Tem medo de que não voltes antes que eu te esqueça.
São a parte menos luminosa do esquecimento. Ficam a nos 'vagar' durante a interposição desse corpo sem sol que nos impede de sorrir.
Desaparecerão ao entardecer, é verdade, nas funduras do mar, encobrindo todo o coração para que não se navegue — como se remássemos infinitamente sem bolinar as águas.
Há quem as chame de 'encosto', de tormenta, até de mágoa. Gaivotas tristes que bicam o que resta do meu olhar; lembranças aduaneiras que as ondas trazem para fundear o que ainda perseveras do nosso amor.
Eu sou o rastro duma sombra que não navega;
Tu és o sol que está a se por ao fim de cada dia.
Não se evada de nós o amanhecer!
Matéria: Escritor Achel Tinoco
#poesiabrasileira
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