A Tempestade
Uns dizem que foi granito; outros dizem que foi granizo. O fato é que ontem, quinze para as quatro da tarde, o dia ficou noite e uma tempestade chegou de repente rodopiando sobre o céu de Ibirataia. Parecia que os deuses do tempo estavam reunidos para discutir quais raios lançariam sobre a terra. Lançaram todos. Podiam-se ouvir claramente os esbregues de cada um; podia-se deduzir que as nuvens se rasgariam a qualquer momento. Malmente deu tempo de fechar as janelas, prender as galinhas, cobrir os espelhos. O céu desabou. Foram 15 minutos de tanta chuva, que até Noé temeu pela segurança de sua nau. E pedrinhas de gelo começaram a despencar das alturas quebrando tudo abaixo. Sim, era granizo. Eu vi através dos vidros da janela de minha casa as pedrinhas correndo pelo chão, um espetáculo que fazia muitos anos não testemunhávamos. Árvores caíram por todo o caminho, as luzes se apagaram, e nem o velho ipê amarelo da Tesourinha resistiu à força dos ventos. Caiu sobre a ponte. Morreu. Infelizmente.
Foi assim.
Matéria: Escritor e poeta Achel Tinoco
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