Sob o Pé de Abacate

 

A morte mais triste é aquela pelo esquecimento:

do amor nos fundos da casa,

sob o pé de abacate,

atrás da garagem,

na mesa da cozinha.

Tão pueril:

a lua estocada,

o mugido de gado,

o gozo estudantil,

Eras tão minha!...

O olhar foi-se afastando de nós,

a gravidade de tua voz,

o meu riso afundou-se no rio.

Evitemos as correntezas, portanto,

posto que as águas correm na beira,

à margem dessa esteira vil

— tenha dó!

Estou a espiar aqueles nossos atrevimentos:

eu, aconchegado ao teu peito;

tu, que cumpriste o meu eito,

e os nossos corações ritmados:

pareciam um só.


Crédito: Escritor Achel Tinoco.
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