Matéria: Escrita pelo advogado e Secretario de Cultura de Ibitataia, Marlos Tinoco
Ibirataia é mulher. Foi gerada nas entranhas de uma indígena Tapuia, em uma linda noite estrelada de fevereiro, ao som da sinfonia dos grilos e iluminada por vaga-lumes de todos os tamanhos, dentro da mais verde, fria e sombria mata, do lado esquerdo da nascente do Formiga. Nasceu nove meses depois, numa manhã de fim de primavera, no décimo dia de um inesquecível novembro, na mudança da lua cheia para a lua nova. Foi trazida ao mundo por meio das divinas mãos da parteira Elenita, num parto feito à sombra de um frondoso pé de ipê-amarelo, assistido unicamente pelos pássaros de variadas espécies, que pareciam dançar nas copas das árvores para comemorar o nascimento. Era uma criança bonita, de cabelos bem escuros, pele morena avermelhada, olhos pequenos e amendoados e riso natural. Vivia pulando nas poças d’água, mexendo com os bichos, colhendo flores, se tingido com urucum e de vez em quando chorava. Virou moça, deixou a sua aldeia e mudou-se para um cruzamento entre duas estradas que os mais antigos chamavam de ‘Tesouras’. Viveu a primeira paixão da juventude e se entregou para o único amor de sua vida: um cavalheiro que fazia escambo entre Camamu e Jequié. Teve muitos filhos e hoje é uma destemida menina de mais de meio século de vida. Ainda conta piadas, reclama das marcas do tempo, acorda bem cedo e coloca o balde de leite na janela todos os dias. Coa o café, faz bolo de milho, recebe visitas e sempre fala das coisas mais lindas da alma, nos dando um verdadeiro exemplo de vida e nos estimulando a seguir sempre em frente. Sim, Ibirataia é mulher, eis o seu retrato:
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