Por Achel Tinoco
Havemos de entender que as transformações da humanidade nem sempre acontecem num piscar de olhos, como gostaríamos que fosse; carecem de tempo, talvez de algumas gerações a mais. “O que ontem era amor vai se tornando outro sentimento... Porque anos atrás, tomar tua mão, roubar-te um beijo sem forçar o momento fazia parte de uma verdade”. Hoje, mais não. ‘Não é não’. Mas por que não procurar entender quando nossos pais ou nossos avós não aceitam essas “modernidades”? Por que criticá-los tanto sem ao menos sabermos suas razões? No tempo deles não se fumava na presença dos pais, não se pelava a buceta, não se respondia aos mais velhos, não se batia na cara do professor; no tempo deles, tinha que haver respeito, nem que fosse sob pescoções, e dentes voassem para todos os lados. Queixar-se? A quem? Cadê o celular? As redes eram interpessoais, a comadre de bobs na janela, o telefone a disco nas casas abastadas da cidade. As notícias vinham pelos jornais, dois ou três dias depois do acontecido. E saibam que não saía no jornal a informação de que aquele primo fumava maconha (ou ‘baseado’); imaginem se os pais descobrissem que a filha de 19 anos fora passada para trás: “Fora de casa, sua rapariga!” E se o varão fosse descoberto dentro do armário, viado: “Prefiro vê-lo morto”. O tempo não era propício a tais descobertas, ainda não era hora de promulgar a democracia do coração. Tudo há seu tempo! Aceitava-se perfeitamente a escravatura, a ditadura, a impostura. O homem andou de quatro pés, erigiu-se e pisou na Lua. Aquele homem que teve aquela formação, não pode ser comparado a este homem que teve esta formação. Então o seu pai, o seu avô, o seu tio, o seu velho amigo, não podem ser simplesmente taxados de preconceituosos, racistas, ignorantes antes de o tempo deles ser determinado, examinado e anexado às práticas atuais. Não se muda uma ideia, um aprendizado, um conceito de vida apenas num gesto de mão, ou numa nova visão de mundo, ou ainda a pretexto de uma lei atualizada. Claro que não! Tudo carece de tempo e ensinamento e conhecimento. Mas nem sempre esse tempo nos é disponibilizado, nem sempre aprendemos tudo. Passamos o bastão do entendimento para a próxima geração, quase sempre, e quase sempre uma geração ainda é pouco para nos entendermos. E se nos adiantamos e chegamos à nova geração, a geração passada já não tem tempo de se reciclar, fica a remoer a própria idade. Mas o homem precisa evoluir à medida dos acontecimentos e das observações, dia após dia, geração após geração, verso após verso. E a sociedade a qual ele pertence vai se amoldando às novas ideias, aos novos inventos, ao novo desenvolvimento que o homem criou. O homem ao qual me refiro, não é esse tolo do ‘toda e todo; bem-vindo e bem-vinda’; preto e branco; pobre e rico; feio e bonito. Não. Refiro-me ao ser humano, tão somente. Ao ser homem e ao ser mulher. O homem como um todo, que evolui à medida do conhecimento, do desenvolvimento e da produtividade. Um homem que precisa respeitar as etapas, as camadas, as molduras. Quando ele tiver essa consciência, aí sim, poderemos cobrar dele um comportamento padronizado, politicamente correto; ontem, hoje e amanhã.
Achel Tinoco escritor e poeta.
Havemos de entender que as transformações da humanidade nem sempre acontecem num piscar de olhos, como gostaríamos que fosse; carecem de tempo, talvez de algumas gerações a mais. “O que ontem era amor vai se tornando outro sentimento... Porque anos atrás, tomar tua mão, roubar-te um beijo sem forçar o momento fazia parte de uma verdade”. Hoje, mais não. ‘Não é não’. Mas por que não procurar entender quando nossos pais ou nossos avós não aceitam essas “modernidades”? Por que criticá-los tanto sem ao menos sabermos suas razões? No tempo deles não se fumava na presença dos pais, não se pelava a buceta, não se respondia aos mais velhos, não se batia na cara do professor; no tempo deles, tinha que haver respeito, nem que fosse sob pescoções, e dentes voassem para todos os lados. Queixar-se? A quem? Cadê o celular? As redes eram interpessoais, a comadre de bobs na janela, o telefone a disco nas casas abastadas da cidade. As notícias vinham pelos jornais, dois ou três dias depois do acontecido. E saibam que não saía no jornal a informação de que aquele primo fumava maconha (ou ‘baseado’); imaginem se os pais descobrissem que a filha de 19 anos fora passada para trás: “Fora de casa, sua rapariga!” E se o varão fosse descoberto dentro do armário, viado: “Prefiro vê-lo morto”. O tempo não era propício a tais descobertas, ainda não era hora de promulgar a democracia do coração. Tudo há seu tempo! Aceitava-se perfeitamente a escravatura, a ditadura, a impostura. O homem andou de quatro pés, erigiu-se e pisou na Lua. Aquele homem que teve aquela formação, não pode ser comparado a este homem que teve esta formação. Então o seu pai, o seu avô, o seu tio, o seu velho amigo, não podem ser simplesmente taxados de preconceituosos, racistas, ignorantes antes de o tempo deles ser determinado, examinado e anexado às práticas atuais. Não se muda uma ideia, um aprendizado, um conceito de vida apenas num gesto de mão, ou numa nova visão de mundo, ou ainda a pretexto de uma lei atualizada. Claro que não! Tudo carece de tempo e ensinamento e conhecimento. Mas nem sempre esse tempo nos é disponibilizado, nem sempre aprendemos tudo. Passamos o bastão do entendimento para a próxima geração, quase sempre, e quase sempre uma geração ainda é pouco para nos entendermos. E se nos adiantamos e chegamos à nova geração, a geração passada já não tem tempo de se reciclar, fica a remoer a própria idade. Mas o homem precisa evoluir à medida dos acontecimentos e das observações, dia após dia, geração após geração, verso após verso. E a sociedade a qual ele pertence vai se amoldando às novas ideias, aos novos inventos, ao novo desenvolvimento que o homem criou. O homem ao qual me refiro, não é esse tolo do ‘toda e todo; bem-vindo e bem-vinda’; preto e branco; pobre e rico; feio e bonito. Não. Refiro-me ao ser humano, tão somente. Ao ser homem e ao ser mulher. O homem como um todo, que evolui à medida do conhecimento, do desenvolvimento e da produtividade. Um homem que precisa respeitar as etapas, as camadas, as molduras. Quando ele tiver essa consciência, aí sim, poderemos cobrar dele um comportamento padronizado, politicamente correto; ontem, hoje e amanhã.
Achel Tinoco escritor e poeta.
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