A Rua da Tesourinha
Por Achel Tinoco
“Ah, como prometi durante a campanha à comunidade da Tesourinha, a ponte de cimento sobre o Rio da Formiga será construída muito em breve”, disse o primeiro prefeito de Ibirataia, doutor Aristóteles Dias da Fonseca, lá nos anos 60.
A inauguração da ponte (oito metros de vão) foi um acontecimento portentoso. Veio gente de toda a redondeza: de Ipiaú, o ex-prefeito Salvador da Matta, e o atual, Euclides Neto; algumas lideranças de Ubatã, de Barra do Rocha e do distrito de Algodão. Havia mulheres trajando longo, com as bocas e as bochechas pintadas; homens alinhados, de terno e gravata. O povo estava acomodado ao lado, sob um pau-d’arco seco, outra vez livre das flores primaveris. Para cortar a fita inaugural foi convidada a primeira-dama, dona Violeta, distintamente enfiada em um vestido vermelho de mangas compridas e de botões dourados. O empertigado prefeito Aristóteles alinhava os óculos no nariz ao tempo em que passava a mão pela cabeça calva.
Eduardo Tavares, o vovô Dadinho, declamou a estrofe singela de um poema de sua autoria, muito apropriado para a ocasião.
“Bom seria se tudo fosse realidade.
Que cada qual estendesse as mãos
Laureadas de prosperidade e emoção
Dizendo: ‘desejo ser um bom amigo’
E abraçar com aferro a nossa Pátria
Fazendo com que ela seja intemerata
E não sofra dos governantes, castigo”.
A cerimônia foi encerrada às seis da tarde com uma queima de fogos.
Pois bem: hoje, outra grande obra será inaugurada na Tesourinha. Esta é a sua rua principal e será finalmente calçada, beneficiando toda a sua gente e todos aqueles vizinhos e transeuntes que por lá passam. Também passo por ela, e tenho muitas lembranças e histórias e poemas e contos da Tesourinha. A velha ponte continua lá, no entanto, o pau-d’arco, ou ipê, caiu anteontem, por causa das fortes chuvas que atingiram a região. Daqui por diante, todos nós que a atravessamos, havemos de olhar para o lado e se lembrar do saudoso ipê, tão seco, tão amarelo, tão belo.
Caminhemos. Como fez dr. Aristóteles, tantos anos atrás, a atual prefeita de Ibirataia, Ana Cleia, prometeu que a rua principal da Tesourinha seria pavimentada, calçada, arrumada. As obras já começaram. A população está na maior expectativa e já prevendo a festa, o foguetório, a inauguração. Esperemos que, como da outra vez, todos estejam presentes para render as devidas homenagens à obra, à prefeita, à Tesourinha que terá a sua rua ‘ladrilhada’. E como o vovô Dadinho, eu possa declamar este singelo poema para a ocasião:
“Se essa rua,
Se essa rua da Tesourinha...
Eu pudesse
Eu pudesse replantá-la
Com pegadas de gente
— Ao invés de cimento
Para o meu
Para o meu ipê aflorar”.
Espero que você dê continuidade a esse belo trabalho, Ana Cleia, e continue a cuidar das nossas vilas, da nossa cidade, da sua gente.
Obrigado.
Achel Tinoco
Por Achel Tinoco
“Ah, como prometi durante a campanha à comunidade da Tesourinha, a ponte de cimento sobre o Rio da Formiga será construída muito em breve”, disse o primeiro prefeito de Ibirataia, doutor Aristóteles Dias da Fonseca, lá nos anos 60.
A inauguração da ponte (oito metros de vão) foi um acontecimento portentoso. Veio gente de toda a redondeza: de Ipiaú, o ex-prefeito Salvador da Matta, e o atual, Euclides Neto; algumas lideranças de Ubatã, de Barra do Rocha e do distrito de Algodão. Havia mulheres trajando longo, com as bocas e as bochechas pintadas; homens alinhados, de terno e gravata. O povo estava acomodado ao lado, sob um pau-d’arco seco, outra vez livre das flores primaveris. Para cortar a fita inaugural foi convidada a primeira-dama, dona Violeta, distintamente enfiada em um vestido vermelho de mangas compridas e de botões dourados. O empertigado prefeito Aristóteles alinhava os óculos no nariz ao tempo em que passava a mão pela cabeça calva.
Eduardo Tavares, o vovô Dadinho, declamou a estrofe singela de um poema de sua autoria, muito apropriado para a ocasião.
“Bom seria se tudo fosse realidade.
Que cada qual estendesse as mãos
Laureadas de prosperidade e emoção
Dizendo: ‘desejo ser um bom amigo’
E abraçar com aferro a nossa Pátria
Fazendo com que ela seja intemerata
E não sofra dos governantes, castigo”.
A cerimônia foi encerrada às seis da tarde com uma queima de fogos.
Pois bem: hoje, outra grande obra será inaugurada na Tesourinha. Esta é a sua rua principal e será finalmente calçada, beneficiando toda a sua gente e todos aqueles vizinhos e transeuntes que por lá passam. Também passo por ela, e tenho muitas lembranças e histórias e poemas e contos da Tesourinha. A velha ponte continua lá, no entanto, o pau-d’arco, ou ipê, caiu anteontem, por causa das fortes chuvas que atingiram a região. Daqui por diante, todos nós que a atravessamos, havemos de olhar para o lado e se lembrar do saudoso ipê, tão seco, tão amarelo, tão belo.
Caminhemos. Como fez dr. Aristóteles, tantos anos atrás, a atual prefeita de Ibirataia, Ana Cleia, prometeu que a rua principal da Tesourinha seria pavimentada, calçada, arrumada. As obras já começaram. A população está na maior expectativa e já prevendo a festa, o foguetório, a inauguração. Esperemos que, como da outra vez, todos estejam presentes para render as devidas homenagens à obra, à prefeita, à Tesourinha que terá a sua rua ‘ladrilhada’. E como o vovô Dadinho, eu possa declamar este singelo poema para a ocasião:
“Se essa rua,
Se essa rua da Tesourinha...
Eu pudesse
Eu pudesse replantá-la
Com pegadas de gente
— Ao invés de cimento
Para o meu
Para o meu ipê aflorar”.
Espero que você dê continuidade a esse belo trabalho, Ana Cleia, e continue a cuidar das nossas vilas, da nossa cidade, da sua gente.
Obrigado.
Achel Tinoco
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