Canto Algum

Texto do livro do escritor Achel Tinoco,  "Pintando o caminho"


 De cima da torre caíram dois minutos;
 caíram dois minutos de cima da torre.
 Dentro do fosso que cercava o castelo
 dissiparam-se sóis cronologicamente
 como vultos no fundo do mar revolto
 enquanto alinhavam-se os ponteiros
 e o relógio marcava a tua descrença.

 Não há mais tempo a perder.
 A cotovia canta sob o portão
 por toda a Europa episcopal.
 Quantas horas ainda temos
 naquele relógio atemporal?
 Decerto não há canto algum!
 O tempo acabara de passar
 por magia do sobrenatural:
 a torre, o castelo e o mar.

 Sobre tua cabeça o tempo passou;
 o tempo passou por cima de mim.
 Foram-se dois minutos ao castelo
 vigiar nossos olhares compassivos
 sob as correntes que te sustentam
 antes de um sol despertar o cuco
 sessenta segundos do amanhecer.

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