Matéria: Escritor Achel Tinoco.
Não sabes com quantos paus se faz uma canoa,
Mas queres uma vida boa, repleta de plantação,
Ainda que não tenhas derramado uma semente.
Sequer perguntaste quem vai debulhar a espiga
De milho sobre a palha seca e despida da gente
Que não se incomoda entanto de sujar as mãos.
Pouco importa o arado... A mesa está farta de ti
Naquele imenso descampado de nossas vidas:
Ah, dobra o tempo, os silos estão cheiíssimos
Para a festa da ressurreição desse teu passado.
E já não podes recusar a insurreição dos ventos
Sobre o teu rosto antigo de carmim e concreto.
A canoa fez água rio abaixo... Algumas flores
Estão mortas por cima do teu vestido turquesa,
Sequer uma sinfonia de insetos a embalar-te,
Vais, assim mesmo, sem qualquer beleza,
Bem como foste, como eras, como estás
Neste leito inconsolável, na volta do rio,
Pelo menos, escuta-me: joga-te ao mar...
#poesias
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