A música é qualquer coisa que faça alguém sonhar, sentir-se leve ao som inaudível de uma estrela; um estalo que reaviva na memória sentimentos bons que há muito se escondera do coração. E tudo passa a ser música a partir do momento que um olhar se encanta com alguma imagem ou lembrança em movimento de um tempo que já passou ou apenas estava guardado no fundo de uma gaveta. E haverá mais música onde o ser humano estiver despido de suas vaidades e voltado para o que lhe for mais terno e mais próximo da beleza e da alegria.
A música tem o dom de unir os povos ao redor de uma fogueira, que seja, e enriquecer a alma, próxima que está da poesia — a arte concreta da formulação da palavra; linguagem poética reinventada pelos sons. Assim sendo, tudo pode ser música: desde a viagem silenciosa das constelações, continuamente em expansão, ao pulsar das nossas veias e do coração ritmado. E assim sendo, todos podemos ser músicos também, não apenas compondo melodias, obedecendo a padrões pré-estabelecidos, mas ouvindo ativamente, criativamente, de forma crítica, toda obra musical.
O mundo musical é riquíssimo e fascinante, pois estratos culturais distintos convivem simultaneamente e, por vezes, costumam sobrepor-se uns aos outros neste planeta ressonante, apontando para uma vida particularmente intensa que chega a relativizar aquilo que ora se conceitua como História, ora como Linguagem.
A música é, portanto, dentre outras coisas, uma forma de representar o mundo, de relacionar-se com ele e de criar novos mundos, novos meios e possibilidades para se viver melhor.
Matéria: Escritor Achel Tinoco
Comentários
Postar um comentário