Em nossa Ubatã, pequena cidade de apenas 16 mil habitantes, repleta de charme e tradição, as eleições pintam o cenário de cores diversas, simbolizando os múltiplos grupos políticos que ocupam os corações e mentes dos seus habitantes. Cada esquina exala um arco-íris de cores, cujas cores não representam apenas a escolha de um candidato, mas desenha também as linhas invisíveis que separam amigos, familiares e vizinhos. É uma época em que o laranja, vermelho, azul, branco e verde não é apenas cores, mas distinções de valores, sonhos e, por vezes, de incompatibilidades.
A proximidade das eleições é marcada por um momento que se tensiona, que precede a tempestade de debates incessantes nas mesas dos bares, nos grupos de WhatsApp e nas ruas que ecoam discursos apaixonados. Intrigas familiares emergem com fervor, enquanto velhas amizades são colocadas à prova, desafiando os laços que se imaginam inabaláveis. A disputa não se limita aos candidatos, mas infiltrava nas relações mais intimas, transformando afetos em animosidades e convicções em discordância.
As redes sociais, por sua vez, tornam-se arenas virtuais onde memes e ofensas são as armas escolhidas para defender ou atacar. Longe de ser mero entretenimento, essas interações digitais amplificam o acirramento das opiniões, traçando um campo de batalha em que cada post ganha contornos de desafio.
Após a contagem dos votos, a cidade vai se transformar: os fogos de artifício, embalados pela música triunfante de alguns e pelos murmúrios de descontentamento de outros, cortará o céu, anunciando o resultado das urnas. Independentemente de vencedores ou vencidos. Essa será a cena que reza o fim de mais um episódio dessa contenda política.
Contudo, a verdadeira magia de Ubatã reside na sua capacidade de cura e reconciliação. À medida que dezembro se aproxima, pós eleição, o espírito natalino começará a tecer um ambiente de perdão e esquecimento. As cores antes divisíveis, lentamente desvanecem que reunindo aqueles que o fervor das eleições havia separado. Mesas de natal serão compartilhadas por antigos desafetos políticos que brindarão juntos, e as pessoas relembrarão que, antes da política, vem a fraternidade e a compreensão mútua.
Assim, ano após ano, Ubatã ensina a seus moradores um ciclo de paixão, disputa e perdão. Aprende-se que, mais importante que a cor escolhida na urna, é a capacidade de voltar a colorir, juntos, o tecido social da cidade. As eleições se vão, mas a essência da vida em comunidade permanece, fazendo de cada período eleitoral não um divisor, mas um lembrete do valor da harmonia e do amor ao próximo. Viva a paz na campanha política e lembre que moramos numa cidade pequeninha.
Matéria: Wesley Faustino é historiador, pesquisador, escritor, especialista em Gestão Pública e Gestão Municipal e ex-vice-prefeito de Ubatã.
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