Óleo sobre Tela:
O vento diz ao tempo:
não há ressentimento
onde se cultiva uma flor;
diz que o pensamento
é um viajante valoroso:
vai às nuvens ordinárias
e volta para onde estou.
O tempo responde: vento,
a espera não tem pouso
no jardim tão ressentido
das chuvas de São José;
seria uma casa de abrigo
numa planície sem fé.
O vento, bravo Minho,
despetala aquela flor.
O tempo desfia o linho
e o veste de Art Déco;
espalha o seu perfume
e apazigua o meu viver.
O vento abana o lume
e me devolve p'ra você.
Matéria: Escritor e poeta Achel Tinoco
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