terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Descarte

 

O meu coração está bagunçado

Como o quarto de um adolescente:

Restos de lembranças pelo chão

Calcinhas e cuecas incandescentes

Sapatos emborcados na janela

E camisinhas na gaveta da frente.

Até o meu sorriso, eu dei p'ra ela.

Não sei qual momento nos desatou

E qual razão fez seu olhar tão frio!

Pensei que tudo fosse caso de amor

— Estrelas pastando na beira do rio.

Apagou-se aquela luz do meu gostar;

Só ficaram as mágoas pelos cantos.

Desfiz a cama; desarrumei o quarto;

Ative-me à solidão e me desfiz tanto.

Já não lhe queria ver de quatro...

Nem ouvir queixas d'um mau gozo.

Seja a má ausência uma camareira:

A encontre morta neste verso novo

E a descarte sob o pé duma geleira.


Poema: Escritor Achel Tinoco.

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