O meu coração está bagunçado
Como o quarto de um adolescente:
Restos de lembranças pelo chão
Calcinhas e cuecas incandescentes
Sapatos emborcados na janela
E camisinhas na gaveta da frente.
Até o meu sorriso, eu dei p'ra ela.
Não sei qual momento nos desatou
E qual razão fez seu olhar tão frio!
Pensei que tudo fosse caso de amor
— Estrelas pastando na beira do rio.
Apagou-se aquela luz do meu gostar;
Só ficaram as mágoas pelos cantos.
Desfiz a cama; desarrumei o quarto;
Ative-me à solidão e me desfiz tanto.
Já não lhe queria ver de quatro...
Nem ouvir queixas d'um mau gozo.
Seja a má ausência uma camareira:
A encontre morta neste verso novo
E a descarte sob o pé duma geleira.
Poema: Escritor Achel Tinoco.
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