Foto na Fazenda Vila Ferreira
Depois da internet, um fenômeno espalhou-se pelas redes: de repente, todo mundo começou a pregar a gratidão, como se a gratidão fosse pregada com um botão na casa do punho da camisa social, ou vivesse a desabrochar na palma da nossa mão. Claro que não! Gratidão é tão somente um 'substantivo feminino, um reconhecimento de quem lhe é grato, sem que para isso precisemos viver ajoelhados aos pés do ‘santo’ que nos fez ou nos faz tão bem. Se não nos atender, para onde vai a gratidão dos joelhos? Vai para os pés, ora ta! Mas não é só isso: precisamos espalhar e plantar as sementes do amor. O quê? Quem produz tais sementes? De quem vamos comprá-la? Sequer conseguimos replantar nossas florestas, imagine uma paisagem verdinha de árvores novas de amor! Ah, o amor, esse germezinho do bem, precisa ser plantado todos os dias, faça sol ou faça chuva, sem se importar a quem se está flechando nesse canteiro de poesia. Haja água, haja terra, ó, cupido! As mãozinhas erguidas para os céus, porque tem sempre alguém a nos espiar lá de cima. O amor, o amor é tão somente o que sentimos, e se o sentimos sinceramente, do fundo do coração, então ele não precisa ser replantado todos os dias, sequer colhido, disseminado, dissolvido em copo com Sonrisal. Deixemo-lo lá onde ele nasceu. Mas talvez, nem tenha nascido, seja um bem ou uma herança que já vem pregado nos nossos berços, como os dentinhos que mais tarde nos nascerão, ou as batidinhas involuntárias lá nas portas secretas do coração. Desse modo, não precisamos de uma plantação de amor: somos latifundiários de nascença. Uns com mais, outros com menos sentimentos; uns com menos ‘obrigado’, outros com mais propriedades... Ou, pelo menos, o que se entende como amor e gratidão: os gestos, as atitudes, as escolhas. E com o tanto de gente que temos neste mundo, pronto, nem precisamos plantar, nem espalhar, nem vigiar: o amor está em toda parte.
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