Crédito: Escritor e poeta Achel Tinoco
No acerto de contas, Quem gosta
Não queria gostar.
Que gostasse assim
Mas não apaixonadamente
De modo a não saber se desgostar.
Um gostar de amigos talvez
Que não machucasse
E fosse suave e breve
Como a brisa do mar
Que traz notícias ligeiras
De um pleno navegar.
O gostar extremo
Causa desassossego
E nunca deixa de pensar
Nem de gostar...
Dar-se então o nome de amor
E o que era apenas gostar
Agora tem a poesia de amar
Que é mais devastador
Do que aquele outro gostar
Porque, enquanto apenas
Se falava em gostar
Não havia esse peso
Nem a obrigação de declarar
Que daqui por diante
O que se sente é 'amar'
E torna-se imprescindível
A todos e toldos em volta
Que o que cai dos olhos
É, finalmente, a maresia de sonhar.
No entanto, não tarda a precisão
De uma prova, todo dia,
Que comprove a estibordo
O tamanho desse novo 'gostar'.
Não se admite nada menos
Que um sincero e eterno Amar
Até que um vento de proa
Ice as velas de se revelar:
Eu me enganei
Não gosto de você.
Me desculpe.
Não era amar, enfim,
Sequer gostar.
Ou seja: melhor sempre
Que o que se sente
Fique assim subentendido...
#poesia #Gostar #amar
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