Escrever é simples como o surgimento de uma ideia. Não quer dizer que toda ideia seja boa, do mesmo jeito nem todo mundo conseguirá escrever bem. Se você se predispuser a escrever, simplesmente escreva como se não tivesse outro compromisso amanhã, e depois leia, e depois escreva tudo outra vez, porque só você pode expor sua ideia, ainda que não tenha a qualidade desejada ou pensa que ela tenha.
Como um amante que nunca escreveu um verso, mas se vê poeta ao perder sua amada e é obrigado a lhe enviar cartas e mais cartas com os dizeres mais bonitos e sentidos e vividos que ele jamais pensou conceber e ela jamais acreditou existir. A tudo, dar-se o nome de poesia, porque diz que o amor é um verso a ser acabado — no caso do compromisso desfeito, um poema despedaçado.
Mas toda forma de expressão pode ser válida conquanto a sua pena não seja mais arrogante que o sentimento por quem se escreve, por isso não o faça perder o raciocínio, muito menos a cabeça.
Da minha parte, escrevo porque descobri essa fonte de prazer mais do que as dores de amor pelas quais já passei e que me fizeram perder tanto tempo. No entanto, depois de compreender a inutilidade dessas dores, escrevo mais e ainda consigo brincar com a ideia de que as senti com o propósito único de escrevê-las desdenhosamente.
Por tudo isso, e por mim mesmo, eu tenho a sensação de que posso me imortalizar quando quiser no chá das cinco de alguma Academia e erguer um brinde à obra-prima escrita por mim, simplesmente, sem outra pretensão que não fosse a de exercitar o ato em si.
Então, se assim for, que você também possa começar a escrever, senão por outro motivo, para aumentar sua credibilidade pessoal, já sabendo de antemão que para os outros, você será apenas um vagabundo metido a escritor.
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