Ensaio Sobre o Riso

 

Matéria: Escritor Achel Tinoco


Vem, ó riso, embarcar-se ao verso: 

além de o embelezar, enriquece-o, 

como enriquece os olhos de quem o recebe 

e os lábios de quem o deu; 

faz o coração enternecer-se. 

Rir é um jeito de dizer-te o quanto és importante; 

faz-me falta aquele teu riso alegre, encantador. 

Quando és recebido com um meu sorriso, 

vês que a manhã torna-se aquela;

ouve-se música na janela; 

vais pela vila a chutar latas 

que nem te importas o rio da passagem: 

a vida que desce às patas, 

o sol escorrega sobre as pedras

e das margens afloram borboletas. 

Quando sou recebido com um teu sorriso, 

a tarde cai-me mansamente, 

a passarada rir-se a toda gente; 

este verso crepuscular, 

nenhum ocaso. 

Imaginas então se sorríssemos todos; 

se acordássemos as manhãs com esse riso ocasional, 

independentemente de o sol haver-me, 

a chuva cair-te para lavar as remelas;

se caíssem junto uns raiozitos luminosos, 

entoassem uns ventos trovejantes, 

demais haveríamos de sorrir e pintar aquarelas. 

Já, já, levantam-se um teu sorriso, 

outro meu sorriso, 

duas ingênuas lágrimas de contentamento; 

alguém mais há de ser feliz, 

vamos ficar felizes, 

e desses risos toda a poesia que há no mundo. 

Vêm demais versos embarcar-nos sorrindo!  

Sorrir é então um cartão de visitas, 

um cumprimento, uma gentileza; 

um modo simples de conquistar-me e dizer-te: 

“Bem-vindo!”

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